História da Imigração Italiana no Espírito Santo

» Breve Resumo

O fluxo imigratório para o Espírito Santo inicia-se em 1812 com a criação oficial da Colônia de Santo Agostinho (atualmente Viana, na Grande Vitória) para onde foram enviados 250 açorianos entre os anos de 1812 a 1814. Esse primeiro empreendimento oficial de colonização agrícola foi criado pelo governador Rubim com o apoio do inten- dente do Governo Imperial, Paulo Fernandes Vianna.

Somente a partir de 1847, quando é criada a Colônia Imperial de Santa Isabel, às margens do rio Jucu, é que se dá prosseguimento à colonização por meio de imigrantes europeus, com a chegada de 163 alemães da Renânia: católicos, luteranos e alguns calvinistas. Parte desse grupo chegou em 21 de dezembro de 1846. Novas levas de imigrantes prussianos chegam para ocupar lotes agrícolas na colônia até meados de 1860. Em 1858 verifica-se a entrada de 29 imigrantes italianos, então denominados de sardos, pois eram provenientes do Reino Sardo-Piemon- tês. O acesso à colônia se dava por meios de trilhas, margendo o rio Jucu, onde nas primeiras décadas do sé- culo XIX havia sido demarcada a Estrada do Rubim, que ligava Vitória a Ouro Preto. A falta de vias navegáveis impediu que a colônia tivesse um progresso ainda maior.

Dez anos depois da fundação da Colônia Imperial de Santa Isabel, ou seja, em março de 1857, chegam os primeiros imigrantes, suíços e alemães, para a Colônia Imperial de Santa Leopoldina, que logo se configuraria como uma das mais prósperas do Brasil Imperial. A primeira fase da co- lônia vai até 1860 quando se verifica a entrada de campo- neses da Província da Pomerânia (então sob o domínio do Império Prussiano), da Saxônia, Baden, Bavária, Hesse, Renânia; da Holanda; de Luxemburgo; da França e da Áustria. Entre 1868 e 1869 observa-se uma nova leva de pomeranos que também são dominantes nos anos entre 1872 a 1874, juntamente com centenas de poloneses (provenientes da então Prússia Ocidental, também sob o domínio do Império Prussiano). O acesso à colônia se dava pela navegação do rio Santa Maria da Victória, cuja foz se dá na baía da capital do Espírito Santo.

A partir de 1874 os italianos dominam amplamente o fluxo de entrada em Santa Leopoldina que, para receber novos contingentes de imigrantes, expande-se em várias dire- ções. São criados novos loteamentos, a exemplo do Núcleo Timbuhy (atual Santa Teresa) e o Núcleo de Santa Cruz, cujo acesso se dava por meio do rio Piraquê-Açu.

Em 1854, porém, sob a iniciativa particular do major português, Caetano Dias da Silva, havia sido criada a Associação Colonial do Rio Novo, no sul da Província, próxima ao rio Itapemirim. Para essa colônia, o major conseguiu trazer imigrantes de diversas nacionalidades, entre os quais: chineses, suíços, alemães, franceses, ho- landeses, belgas, portugueses, que se somaram a uma cen- tena de escravos que já atuavam na Fazenda Limão, de propriedade de Dias da Silva. Em 1861 essa colônia passa a ser comandada pelo Governo Imperial, tornando-se uma colônia oficial. Mas o incremento de imigrantes se dá apenas a partir de 1875 com a chegada dos italianos do Tirol, então sob o domínio da Áustria.

A colônia ocupou uma vasta área de terrenos devolutos (do Governo) entre os rios Itapemirim e Benevente. Os núcleos de colonização foram denominados de Primeiro, Segundo, Terceiro, Quarto e Quinto Territórios.

Este último, foi demarcado já na margem oposta do rio Benevente. Além dos rios acima citados, o acesso também se dava pelo porto de Piúma por meio do rio Iconha por onde se poderia alcançar as demarcações dos Primeiro, Segundo e Terceiro territórios. O rio Itapemirim foi a via de transporte para os primeiros imigrantes e dava acesso ao Primeiro Território, o núcleo inicial de colonização. Por meio do rio Benevente, que desemboca na atual cidade de Anchieta, entrou o maior contingente de imigrantes. Por esse rio singraram mais de oito mil italianos entre 1875 e 1900. Em 1879 a região ganha uma nova colônia: Cas- tello. Demarcada em parte nos antigos terrenos da ex-Colônia de Rio Novo, avançando em direção às cabeceiras do Benevente e atingia os limites Sul da ex-Colônia de Santa Isabel.

Em suma, a iniciativa pioneira da Colônia de Santo Agostinho, logo no alvorecer do século XIX, resultado da chegada da família imperial em 1808; e a criação das quatro colônias citadas é que se configura o período co- lonizador no Espírito Santo durante o Brasil Imperial.

Com a abolição da escravatura, em 1888, o fluxo de imigrantes, que havia estacionado desde 1881, ganha um novo impulso. As novas levas de famílias camponesas são agora canalizadas para as antigas fazendas de escravos, para substituir a mão-de-obra negra no cultivo do café. Paralelamente, com a Proclamação da República, o Estado ganha autonomia e passa a demarcar novos núcleos de colonização. O destino agora também é o Norte, para as fazendas de São Mateus, às margens do rio Cricaré, onde também foram criadas as colônias oficiais de Santa Leo- cádia e Nova Venécia. Porém, as fazendas de café ao sul do Estado, nos vales dos rios Itabapoana e Itapemirim, são as que recebem o maior contingente de famílias imi- grantes. Além dos italianos, se verifica também a entrada de portugueses, espanhóis, de agricultores de San Marino e até mesmo de ucranianos. Nas nascentes do Itapemirim é demarcado o Núcleo Costa Pereira, ocupado e logo aban- donado por famílias espanholas.

O rio Doce passa então a ser utilizado como via de acesso para as colônias criadas à sua margem. Um dos núcleos ali demarcados, o Moniz Freire, estava localizado em ter- renos paludosos e, portanto, com grande incidência de insetos causadores de febres, o que dizimou centenas de italianos em 1895.

Antes porém, em 1813, um grupo de aproximadamente trinta espanhóis, subiram o rio, encaminhados para a fa- zenda de João du Pin Calmon, o primeiro núcleo de po- voamento que deu origem a atual cidade de Linhares. Em 1857, Nicolau Rodrigues França Leite transporta cerca de cinquenta imigrantes alemães e franceses para a sua co- lônia particular, denominada de Fransilvânia, nos arre- dores da atual cidade de Colatina. Em 1861 o empreen- dimento já havia sido completamente abandonado pelos colonos em função do frequente ataque dos Botocudo.

De fato, é a partir da criação dos núcleos de colonização oficiais e a conseqüente expansão das suas fronteiras, bem como da necessidade de mão-de-obra nas antigas fa- zendas escravocratas, é que se verifica a ocupação do terri- tório capixaba pela colonização estrangeira.

  • Referências Bibliográficas:
  • - Site Arquivo Público Estadual do ES
  • Texto:
  • - Cilmar Franceschetto

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